Para completar nossos estudos...


Verbos pronominais

Para finalizar a postagem de hoje falaremos de verbos pronominais. Este é um outro tipo de constituinte do Sintagma Verbal, vamos agora explicar suas particularidades.
Inicialmente acho que é interessante buscar na memória a definição de pronome pessoal:

Os pronomes pessoais possuem a função de substituir o nome de um ser e, ao mesmo tempo, situá-lo em relação a pessoa gramatical do discurso; ou seja, indicar quem fala (1° pessoa), com quem se fala (2° pessoa) ou de quem se fala (3° pessoa), tanto no singular quanto no plural.


Partindo desta breve definição de pronome, podemos introduzir a informação de que o verbo pronominal é aquele que vem sempre acompanhado de um pronome obliquo no momento em que é conjugado. Entende-se que o verbo é pronominal quando o pronome que o acompanha tem a função reflexiva, remete a ação verbal ao sintagma nominal (SN), ao sujeito que faz a declaração ou que é o autor da mesma ação.
Há dois tipos de verbos pronominais: os essenciais e os acidentais. Os verbos pronominais essenciais são aqueles em que não se pode conjugar sem que a ele seja acrescido o pronome, como é o caso do verbo “suicidar-se”, em simples palavras não existe meios de conjugar o verbo sem que o remetamos ao autor da ação, não se pode suicidar ao outro, apenas a si próprio, então tal verbo  é essencial porque o pronome faz parte da essência do termo.
Há também casos em que um verbo pode não ser em essência, ou a principio pronominal, mas apresentar-se desta maneira a depender do contexto, da necessidade de comunicação, neste caso verifica-se o verbo pronominal acidental. Este é o caso, por exemplo, do verbo pentear, eu posso pentear-me, mas também posso pentear a outra pessoa.



APLICAÇÃO EM SALA DE AULA

A todos nós futuros ou já professores é de grande valia algo de fácil entendimento que ajude a ampliar o vocabulário dos alunos, até mesmo para que consigam adequar seus discursos às situações de interação com mais facilidade e diversidade. O verbo apresentado neste tópico atende a esta expectativa, pois ao fazermos uso dele em um texto escrito, por exemplo, conferimos a este mais formalidade.
Minha sugestão para aplicação é que sejam levados aos alunos diferentes orações que contenham verbos pronominais essenciais e acidentais para que eles tentem após a explicação identificá-los. Pode ser solicitado também que eles busquem situações do cotidiano onde façam uso de tais verbos, deste modo poderão perceber que a gramática não é algo preso dentro da escola ou dos livros, mas que na verdade faz parte da vida de todos nós.

DICA DE LEITURA

A sugestão de leitura deste tópico é a tese de doutorado do Luiz Carlos Travaglia: “Um estudo textual-discursivo do verbo no português do Brasil”. Neste trabalho ele foi orientado pela Ingedore Villaça Koch, outra grande conhecedora da Gramática gerativo-transformacional, então se a intenção é entender mais sobre como trazer esta classe, que na Gramática normativa parece tão distante de nós, para o uso real vale muito a pena ler este texto. A tese encontra-se disponível no site da Unicamp http://cutter.unicamp.br, é só buscar e boa leitura!!

Sintagma Verbal - SV

Agora veremos o Sintagma Verbal, vejamos a oração abaixo:





1. Verbos copulativos ou de ligação


Há assuntos na Língua Portuguesa em que o título já nos dá algumas pistas do que estamos falando. Isto ocorre com o item que veremos a seguir, para demonstrar isto, vamos apresentar a definição da palavra cópula:

Cópula (có.pu.la)
sf.
1 Ligação ou união entre duas coisas.
2 Verbo que liga o atributo ao sujeito sem acrescentar nenhum significado adicional; verbo de ligação.
3 O verbo ser quando empregado unicamente para ligar a designação do sujeito a um predicado deste.
4 O ato sexual

Através das três primeiras definições podemos perceber que os elementos copulativos servem apenas para estabelecer uma união, neste caso, os verbos copulativos fazem a  união entre duas palavras ou expressões nominais. Tais verbos contem uma significação puramente gramatical, limitam-se a transmitir a ideia a que estamos nos referindo, necessitam portanto de um complemento que atribua ao predicado um verdadeiro sentido.
Para reconhecer os verbos como sendo ou não de ligação, é preciso analisar primeiramente o contexto em que se encontram inseridos, em outras palavras, o que determina se um verbo é de ligação ou de ação é o contexto.
O verbo “ser” é o único que é usado quase exclusivamente como copulativo. Praticamente, só na linguagem filosófica é utilizado como verbo intransitivo, assumindo o significado de “existir”. No entanto, vários verbos significativos podem assumir valor copulativo, como é o caso de, por exemplo, andar e ficar.

GRAMÁTICA NA SALA DE AULA

Se lançarmos mão da Gramática gerativo-transformacional para explicar o conceito de verbo copulativo, comparando-o à Gramática Tradicional, poderemos utilizar de uma gramática mais acessível aos alunos visto que seus conceitos são comprovados mais facilmente levando-se em conta o contexto e não somente a norma.
Teremos o verbo copulativo, sendo então chamado cópula, como o núcleo do sintagma verbal, eis que tal verbo faz a ligação entre os elementos da oração, são estes:

-Sintagma nominal e um outro sintagma nominal, (que na Gramática tradicional pode ser exclusivamente representado por um substantivo ou um pronome);
-Sintagma nominal e um sintagma adjetival, (que tem por núcleo um adjetivo);
-Sintagma nominal a um sintagma preposicionado, (sendo este um sintagma constituído por uma preposição mais um sintagma nominal, ou por um advérbio).

DICA:Uma forma prática de se identificar o verbo de ligação é excluí-lo da oração e observar se nesta continua a existir uma unidade significativa.

APLICAÇÃO EM SALA DE AULA

Experimente a dica acima com os alunos, apresente a eles orações que contenham verbos de ligação e deixe que eles percebam o significado contido na oração, apresente também sentenças onde falte o verbo de ligação e completem estas frases juntos, observando se há alteração no sentido pretendido, isso além de ajudar aos alunos a compreender melhor o que é o verbo copulativo (ou de ligação), ainda os ajudará a reconhecer quando um verbo originalmente de ação estiver exercendo a função de verbo de ligação pela observação do contexto.

DICA DE LEITURA

Encontrei um artigo muito interessante escrito pelas professoras Mônica Mano Trindade Ferraz da Universidade Federal da Paraíba e Karen Neves Olivan da Universidade Federal de Santa Catarina, este artigo foi escrito em 2011 para o congresso da Associação Brasileira de Lingüística – Abralin e encontra-se disponível no endereço eletrônico http://www.abralin.org/abralin11_cdrom/artigos/Karen_Olivan.PDF. É um texto que ajuda tanto aos futuros professores quanto àqueles que já o são a abrir seu horizontes, ver que gramática, não é só um conjunto de normas e que é muito mais facilmente compreendida dentro em uso, dentro de um contexto. Acredito que todos irão gostar bastante.

2Modificador Adjetival.

No post anterior falamos sobre o Sintagma Preposicionado, aqui falaremos do Sintagma Adjetival (sintagma que tem por núcleo um adjetivo), claro que a perspectiva será um mix entre a Gramática tradicional e a Gramática gerativa.
Vamos começar trazendo a definição de adjetivo das duas gramáticas:

Definição da gramática tradicional: Adjetivo é a palavra variável que designa uma especificação ao substantivo, caracterizando-o.

Definição da gramática gerativa: Palavra pertencente a uma classe aberta de palavras que, tipicamente, permite a variação em gênero, numero e grau. O adjetivo é o núcleo do sintagma adjetival  e pode ser precedido por advérbios de quantidade e grau e caracterizar sintagmas nominais, preposicionados, e orações com seus complementos.

Esta é uma classe de fácil definição e talvez por isto a da Gramática tradicional seja tão sucinta, porém se ao analisar uma oração com o objetivo de identificar-se um adjetivo o fizermos tendo também o conhecimento da gramática gerativa veremos que o faremos com maior precisão e acerto.
Na oração estudada o Sintagma Adjetival é: lindos.

APLICAÇÃO EM SALA DE AULA

Que tal dar chance aos alunos de eles mesmos comprovarem que o classe dos adjetivos é uma classe de aberta de palavras? Podemos fazer isto propondo a eles que façam uma pesquisa e levem à sala de aula, orações ou textos em que exerçam a função de adjetivos palavras que segundo a norma não o seriam, desta forma eles poderiam compreender melhor este conceito de inventário aberto e o motivo dessas ocorrências. Podemos fazer uma experiência também comparando os adjetivos aos advérbios, poderíamos levar os alunos a constatar que existem várias semelhanças entre as classes e isto os ajudaria a dentro do contexto identificar de forma mais clara tanto o adjetivo quanto o advérbio.

DICA DE LEITURA

Como dica deste tópico trago um capítulo do livro Disciplinarum Scientia - Série Artes, Letras e Comunicação, livro escrito por Matheus Mario da Costa e Nilsa Teresinha Reichert Barin. No capítulo intitulado Sintaxe Gerativa : reflexões para a pratica pedagógica da Língua Portuguesa, podemos continuar a aprofundar a nossa abordagem acerca da gramática gerativa e a entender como aplicá-la em sala de aula trazendo maior benefício para o nosso trabalho e para o aprendizado de nossos alunos.

Sintagma Nominal - SN

Vamos começar nossos estudos pelo sintagma nominal.
Como foi já foi dito, o sintagma nominal é composto por um nome, um determinante ou um pronome.
Vejamos a oração em estudo:




Nela podemos identificar:

1- Determinante

O determinante tem a função de especificar o nome (substantivo), portanto ele sempre aparece antes de um nome e concorda em gênero e número. Por vezes, é graças ao determinante que percebemos a forma do nome (singular ou plural). 
Os determinantes podem combinar entre si, na oração estuda temos três determinantes: todos, os e meus, nesse caso o artigo (os) funciona como base para os demais funcionarem como pré e pós. 
Também podemos explicar aos alunos que os determinantes contraem-se com uma preposição, na oração estudada o artigo o está contraído com a preposição de, formando do. 

Nessa parte podemos explicar o que são os artigos, os numerais, pronomes e as preposições.

2- Nome

Podemos explicar aos alunos que o nome é o elemento principal do sintagma nominal (o núcleo). São eles o chamados substantivos e podemos explicar aos alunos seu uso. 


3- Modificador 

O núcleo do sintagma nominal que estamos estudando é modificado por um outro sintagma, chamado Sintagma Preposicionado (SP). Podemos explicar aos alunos que esse sintagma tem a função de modificar o nome e por ser preposicionado o sintagma será constituído de uma preposição mais um sintagma nominal.

Também podemos usar exemplos como:

As crianças acordam cedo.

Nessa oração temos um sintagma preposicionado, porém ao invés de ser preposição, a palavra cedo é um advérbio. Nessa etapa dos estudos podemos explicar aos alunos que as vezes, certos advérbios pode se comportar como preposição.


Oração de Estudo

Vamos utilizar a oração abaixo em nossos estudos. A partir dela exemplificaremos as situações de análise.



Primeiramente, vamos dividir essa oração em duas partes, como abaixo:



O SN ou Sintagma Nominal é composto por um nome (substantivo) ou por um  pronome substantivo. Tanto o nome quanto o pronome poderá vir sozinho ou acompanhado por um determinante (artigo, numeral ou pronome adjetivo) e por modificadores.
O SV ou Sintagma Verbal é poderá ser composto por configurações diversas, portanto, estudaremos detalhadamente. O que podemos deixar claro ao aluno é que esse sintagma é constituído basicamente pelo verbo (que poderá ser simples ou uma locução verbal).


Referência: 
KOCH, I.G.V. e SOUZA e SILVA, M.C.P.  Linguística Aplicada ao Português: Sintaxe. 2ed. São Paulo, Cortez, 1983.

Morfologia e Sintaxe, dois "bichos de sete cabeças"?

Estamos começando um blog sobre Morfologia e Sintaxe, nele falaremos sobre essas duas áreas de estudo da língua e como associá-las, a fim de proporcionar o melhor aproveitamento no aprendizado do funcionamento da língua materna.
Nosso objetivo é de propor sugestões de aula para se trabalhar com os alunos, a partir das teorias que integram as análises morfológicas e sintáticas, área chamada de Morfossintaxe. 
Relembramos que ao falarmos de morfologia estamos falando do estudo da palavra, que abrange desde a formação até a sua classificação. Já ao falarmos de sintaxe, priorizamos o estudo das frases e das regras que as constroem.
Teremos como base as orientações da Gramática Gerativa (GT), de Noam Chomsky. O linguista defende em sua gramática que o problema na classificação de palavras está na grande quantidade de categorias, tornando mais difícil o ensino das classes de palavras aos alunos, uma vez que certas palavras funcionam em mais de uma classe. A Gramática Gerativa explicará a língua a partir da sintaxe e definirá um número limitado de regras.

Vejamos:
Na escola, geralmente, estudamos essas duas áreas de forma separada, como descrito abaixo.

O professor de Língua Português, em uma determinada aula, analisa uma oração morfologicamente:



Em outra aula, o professor pode analisar a mesma oração, porém de forma sintática:











O professor utilizou dois momentos para analisar essas duas orações. Nossa proposta é, portanto,  analisar as orações, porém simultaneamente.
Seguirão, nos próximos posts nossas propostas.


Fonte: